Pensamento Computacional no Ensino… Básico!

“O rapaz estuda nos computadores. Dizem que é um emprego com saída” canta Rui Veloso em “Postal Dos Correios” e com toda a razão! A programação de computadores, que já era uma habilidade muito procurada no século XX, no século XXI é uma competência essencial.

E é no 1º Ciclo do Ensino Básico que se deve começar a incutir um Pensamento Computacional, essencial para os alunos vingarem no mundo acadêmico e profissional. E isso porque o pensamento analítico, a resolução de problemas complexos, a inovação tecnológica, a criatividade e o design estão entre as principais lacunas dos jovens profissionais que pretendem trabalhar com dados e Inteligência Artificial no desenvolvimento de softwares.

Porém, apesar dos esforços para incluir conceitos de programação no Ensino Básico – e até no pré-escolar – não temos, nem de longe nem de perto, um compromisso com a promoção do Pensamento Computacional que deixe de retratar Portugal como um dos países da Europa onde há falta de recursos humanos em TI.

Importância do Pensamento Computacional

Não há como negar! As nossas crianças estão a crescer num ambiente digital global entre sites e aplicativos para smartphones, jogos de computador e equipamentos com Inteligência Artificial que podem ser programados. Dai a importância do Pensamento Computacional, fundamental para desenvolver a capacidade analítica e habilidade cognitiva para resolução de problemas e ao mesmo tempo, para exploração da criatividade.

É verdade que o Pensamento Computacional se tornou numa tendência no sistema educativo de muitos países, com inclusão nos currículos escolares de disciplinas relacionadas com Informática, mas em Portugal ainda há muito a explorar.

Mas o que é o Pensamento Computacional?

Basicamente, é uma competência transversal e essencial para a resolução de problemas em diferentes áreas do conhecimento, pois abrange um conjunto de habilidades analíticas e abordagens usadas em Ciências da Computação, que podem ser transpostas para outros contextos.

Quais são as vantagens deste conceito para crianças de tenra idade?

Estudos recentes revelam que crianças que aprendem a “programar” melhoram a aquisição de habilidades porque o ato de codificar requer uma lógica e raciocínio que se baseia em sequência e estrutura. Por outras palavras, a construção e/ou decomposição das etapas sequenciais de uma tarefa de modo que ela possa ser executada por um computador (por um ser humano ou por uma combinação de ambos), implica o reconhecimento de padrões e um plano para resolução de “bugs”, tal como noutras disciplinas fundamentais, como Matemática e Português que são ministradas na infância para preparar os alunos desde tenra idade.

Ciências da Computação na Europa

Tal como no resto do mundo, na Europa as Ciências da Computação estão a expandir-se para todos os níveis de ensino, particularmente para o ensino superior, graças ao esforço dos governos, professores, pesquisadores, líderes tecnológicos e, claro, graças também ao interesse dos alunos.

Em 2018, o ACM Europe Council em conjunto com o Comité de Educação do CEPIS e a Informatics Europe, começou a analisar o estado da educação em Informática com minúcia e a dinamizar o programa “Informatics for All”, uma estratégia que coloca a disciplina de Informática como fundamental em todos os níveis educacionais, seja de forma independente ou integrada com outra disciplina do currículo escolar. A ideia era (ainda é) promover a educação do século XXI através do ensino de competências essenciais para a participação ativa e emprego num mercado de trabalho cada vez mais digital. Não obstante, o ensino da Informática continua a mercê de abordagens que variam de país para país…

Pensamento Computacional em Portugal

O Pensamento Computacional é transversal a vários conhecimentos, mas em Portugal tem sido mais explorado pelo grupo de Informática nos diferentes níveis de ensino, tanto a nível curricular como a nível de projetos que envolvem a comunidade educativa.

Em 2015, a Direção-Geral da Educação desenvolveu um projeto-piloto de iniciação à programação no 1º Ciclo do Ensino Básico, em parceria com instituições relacionadas com a área das Ciências da Computação, como a Associação Nacional de Professores de Informática, o Centro de Competência TIC da Universidade de Évora, Centro de Competência TIC da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal e a Microsoft. Esse projeto ainda se mantém em alguns agrupamentos de escolas, mas de um modo geral, as Ciências da Computação e o Pensamento Computacional não estão presentes no Ensino Básico como disciplina especifica, apesar de algumas escolas oferecem uma disciplina opcional de Informática onde as crianças e os jovens aprendem a resolver problemas programando com Scratch, por exemplo.

O que é Scratch? É um ambiente de programação que promove o Pensamento Computacional, baseado em blocos de diferentes cores, concebidos para serem utilizados por crianças e jovens, já que basta arrastar e soltar para codificar!

Como explorar as Ciências da Computação no 1º Ciclo do Ensino Básico?

Com disciplinas especificas que trabalhem com Scratch? Será sempre uma boa ideia, mas qualquer linguagem de programação simples consegue levar a criança a explorar e enfrentar desafios… e depois a ficar mais apta para aprender uma segunda linguagem de programação com facilidade e assim por diante!

Desta forma, os nossos alunos teriam a oportunidade de fazer parte de um modelo de educação moderno, de perceber como funciona o mundo digital e tecnológico, de se prepararem melhor para uma sociedade cheia de novos desafios e beneficiarem de um futuro auspicioso.

Na ótica de transformar os alunos consumidores de tecnologia em alunos criadores de tecnologia, as Ciências da Computação no Ensino Básico podem preparar os jovens para serem cidadãos informados, independentemente da carreira profissional.

Assim, com escolas cada vez mais apetrechadas de novas tecnologias, é essencial começar a usá-las não apenas como ferramentas de apoio, mas também como ferramentas de aprendizagem para desenvolvimento de projetos que deixem os alunos de hoje (profissionais de amanhã) melhor preparados e qualificados para promoverem novas formas de pensar, para resolverem problemas e desenvolverem o processo criativo.

Artigo publicado no Jornal Postal https://postal.pt/cultura/ensino/pensamento-computacional-no-ensino-basico-por-luis-horta/
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Sobre Luís Horta

Luis é o fundador e CEO da Webfarus. É professor no Ensino Público Português há mais de 25 anos. Ajudou a criar e a desenvolver mais de 700 negócios em diferentes áreas, ao longo da sua carreira.

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